Expiação

Esperam meus livros de poesia.
E este verso expia um tropeço,
Desta música leve, assobia,
Uma vida que já não mereço.

Se te confesso apraz um tormento,
Esta letra liberta o meu coração,
De um pecado atroz, traz o vento,
Como leve embalo da tua canção.

Como tem sorte o teu momento!
Quisera congelar-te a alma azul.
Por isso que jogo o laço no tempo
A espera de um olhar em comum.

Os pensamentos roubam os dias,
Projetam o divino encanto que És
Num turbilhão de idéias vadias
Como a vibrante bateria do Jazz.

Então a aurora apressa minha partida.
Não há mais porque estar aqui parada.
Quero um único compromisso na vida:
A rima, mais nada.

Pequenino amor

Aponto meu lápis com carinho,
Para num papel desenhar-te um versinho,
Neste instante que me encontro aqui sozinho.
-
Não te espantes se não for tão bonitinho,
E nem de doce que é feito teu jeitinho.
-
Dou-te com amor o meu versinho
Que componho a reclamar tua atenção,
Dessa sorte que só quero um pouquinho
Venha a mim aliviar meu coração.
-
Nada tenho nesta vida para te dar,
Nem de lua é feito meu caminho.
Minha vida deve o amor que aqui pago,
Com afago
Que te pago com beijinhos.


Estatuaria

Sou uma mulher feita à temporal.
O vento esculpiu minha alma,
Os pingos levaram as lascas,
A chuva lavou o que sobrou
E o sol os contornos limou.

Alma velha

Sentada, costas à madeira,
Canta a velha negra
As tristezas de uma vida.
-
É a negra da minha alma,
É a velha da minha vida,
Minha vida velha,
Minha alma negra.

Quem sou eu

Minha foto
Sou o verbo: o estado, o tempo e a ação contínua.

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